A arquitectura moderna quando surgiu, nas primeiras décadas do século passado, apareceu ao mundo com algumas regras definidas, querendo ser uma nova arquitectura, destinada a um novo tipo de ser humano. Desta forma era essencial que ela funcionasse como uma máquina que funcionasse com a maior eficiência possível para que, deste modo, pudesse prover ao Homem moderno uma nova forma de viver em sociedade. Le Corbusier, um dos mais famosos arquitectos modernos e pai da maioria dos conceitos que hoje identificamos com a arquitectura moderna, estabeleceu alguns caminhos que deveriam ser seguidos.
De entre esses caminhos que o mestre estabeleceu, podemos observar muitos nesta casa projectada pelo estúdio AR Design Studio. Os pequenos pilares que conectam o piso térreo com o primeiro andar da casa e a elevam, deixando um espaço livre e de contacto com o ambiente exterior tornando-os num só. As grandes janelas, também chamadas pelos arquitectos da época de ’cortinas de vidro’ trazem a iluminação natural para dentro da casa e permitem uma bela vista do exterior. É claro que esta não é uma casa dos anos 30, mas, com certeza, que conservou o melhor dessa época. É esta jóia da arquitectura moderna que vamos ver hoje mais ao pormenor. Acompanhe-nos nesta visita virtual.
Podemos ver duas paredes de caixa branca: uma delas é ocupada por cinco grandes janelas e a outra por duas janelas estreitas, uma vertical e outra horizontal. Entretanto, o mais interessante aqui é a diferença de cores usadas no piso superior e inferior. Enquanto o andar superior é quase todo branco, o térreo é dominado por cores escuras, o que faz com que pareça que o andar superior é sustentado apenas pelos dois pilares que aparecem na imagem. Uma interessante ilusão óptica.
Agora, olhando por um ângulo diferente, vemos com mais destaque a parede que possui as pequenas janelas. Notamos também como o piso térreo é envidraçado e como as paredes que fazem divisão com o ambiente externo ao terreno são de pedra, tanto à esquerda da imagem como ao fundo. A casa é também circundada por um longo e estreito espelho de água, o qual emoldura os limites da residência.
No piso térreo encontra-se a sala de estar. Esta é dominada pelo branco dos móveis, pelo cinza do piso e cinza chumbo das janelas que emolduram grandes placas de vidro. Este sistema, assim como a dimensão do vidro, estabelece uma relação muito próxima com o exterior, trazendo a imagem das árvores e da relva para dentro da sala que possui um ambiente esterilizado e cheio de elegância, sem qualquer sinal da rusticidade exterior.
Como podemos ver na imagem, a sala de estar, ao fundo, encontra-se num plano mais baixo do que a sala de jantar. Esta última, no plano normal do piso térreo, é bem simples e usufrui dessa simplicidade para impor a sua beleza que se destaca através do chão cinzento, de um candeeiro quase transparente que cai do tecto e de cadeiras metálicas e elegantes.
Na cozinha desta bela casa, o espaço conta com uma ilha central, um elemento extremamente comum nas casas modernas e que resiste à passagem do tempo. Os armários seguem a paleta de cor semelhante, tendo a cozinha apenas alguns pontos estratégicos com cores mais escuras e um lindo vaso de flores roxas que se destaca no meio de tantas cores neutras, trazendo alegria e contraste a este amplo ambiente.
Vendo a cozinha de outro ângulo, podemos observar que ela está cercada por luz natural. A estrutura independente do edifício permite que as grandes janelas sejam colocadas como planos de ligação ao mundo exterior, permitindo que a luz do sol banhe o ambiente. Quando abertas, estas janelas/portas permitem também a interacção imediata com o ambiente externo, facilitando a ventilação e a dispersão de possíveis gorduras e gases que se poderiam acumular na cozinha.
Como todo o edifício de um ou mais andares, esta casa exige a utilização de um elemento de transferência entre pisos, neste caso uma escada. O interessante é a beleza que esta escada impõe aqui. É toda de madeira e desenvolve-se em torno de um eixo que permite a existência de um grande buraco no meio. Os corrimões são feitos apenas em vidro, dialogando com as grandes janelas e permitindo óptima permeabilidade visual.
Do lado de fora da casa encontramos um contraste: ao invés das superfícies lisas, brancas e cinzas com grandes peças de vidro e janelas escuras, o chão e as paredes externas são de pedra e a vegetação abunda. Vemos isso através das pequenas árvores colocadas em locais estratégicos ou mesmo no relvado que cobre grande parte do terreno. Assim se forma uma bela combinação.