Um projeto jovem entre paredes históricas

Mariana Caldeira Mariana Caldeira
House in Bica do Sapato by ARRIBA, Ricardo Oliveira Alves Photography Ricardo Oliveira Alves Photography Minimalist dressing room
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Não há nada mais cativante que um projeto de reabilitação devidamente executado. Quando a carga histórica de um espaço é reinterpretada, segundo uma nova linguagem contemporânea, criam-se resultados absolutamente excepcionais.

É neste sentido que hoje lhe apresentamos a transformação de uma pequena habitação no centro de Lisboa, desenvolvida através de um projeto e estratégia surpreendentemente inteligentes. Apresentando algumas das características mais emblemáticas da construção tradicional lisboeta, o espaço foi criteriosamente intervencionado e modernizado, sem comprometer a sua identidade original.

ARRIBA foi o jovem atelier responsável pela intervenção. Fundado pelos arquitectos José Andrade Rocha e Filipe Silva Ferreira, em Lisboa, o atelier vem contribuir para o estabelecimento das gerações mais jovens de arquitectos em Portugal, não só pelo seu talento, mas também pela capacidade de empreendedorismo.

Venha connosco e fique a conhecer mais um projeto 100% português muitíssimo bem fotografado por Ricardo Oliveira Alves.

Contexto

Situado na Rua da Bica do Sapato, junto a Santa Apolónia, o apartamento é envolvido por uma das zonas mais emblemáticas da capital, composta por ruas sinuosas e edifícios baixos que se acomodam aos declives acentuados da região. Apesar de visivelmente inadequado às vivências da atualidade, a construção intervencionada apresentava uma sequência de espaços de tal forma interessante, que acabou por ser um dos aspectos mais explorados ao longo do processo criativo.

Intervenção

Dado o comportamento labiríntico do espaço, composto por várias alturas, e a dimensão total do apartamento (75m2) os arquitectos optaram por reorganizar a casa através da integração de um único elemento unificador. Assim, foi introduzido um novo material, que estabelecendo a ligação entre as duas extremidades da casa, permitiu criar um nova clareza espacial, melhorar a qualidade da iluminação natural e aumentar o conforto em todas as áreas.

Materiais

Grande parte da simplicidade da intervenção desenvolvida deve-se à escolha criteriosa dos materiais utilizados. A relação trabalhada entre o tom claro da madeira de bétula e o branco minimalista das restantes paredes acabou por resultar num conjunto devidamente equilibrado. – Um jogo entre o novo lado mais contemporâneo da habitação e o lado mais tradicional, inerente à sua história.

Interiores

Ainda que com alguns apontamentos de mobiliário embutido, os interiores foram tratados de forma a serem habitados com a maior flexibilidade possível. Deste modo, pouquíssimo mobiliário foi adicionado a cada divisão, conferindo total protagonismo às entradas de luz e à beleza natural do espaço.

Escritório

Este pequeno espaço de trabalho é, sem dúvida, umas das nossas áreas favoritas de todo o projeto. É interessantíssimo como uma organização inteligente dos espaços consegue conformar recantos inesperadamente agradáveis. 

Cozinha

A cozinha não se constituiu como a excepção à regra. Também toda materializada na madeira de bétula, desenha-se em continuidade com os restantes espaços. Embora seja um material menos comum para revestimento de cozinhas modernas, estabelece-se como o contraponto perfeito para as linhas simples e ortogonais que caracterizam os móveis.

Casa-de-banho

Tal como acontece em grande parte dos projetos mais antigos da cidade de Lisboa, a casa de banho é uma divisão sem entrada de luz natural. No entanto, os arquitectos procuraram compensar esta lacuna com um aumento da presença do branco e diminuindo a quantidade de madeira. Assim a sensação de iluminação acaba por se multiplicar, tornando esta pequena divisão mais ampla.

Chuveiro

A zona de chuveiro foi integrada num outro espaço, paralelo às outras instalações sanitárias. Quase como uma espécie de balneário individual, foi desenhada uma área espaçosa, extremamente luminosa e convidativa a banhos demorados.

Ex-libris

O grande ex-libris do projeto é o seu pequeno pátio particular. Além de assegurar a entrada de luz natural no quarto e chuveiro, ele conforma um espaço de respiração essencial numa casa pequena, no centro de Lisboa. Preconizando a mesma vontade de descomplicar que informou todo o projeto, deu-se continuidade ao pavimento utilizado na zona de banho.

Estratégia e depuração

A qualidade do projeto desenvolvido resulta, acima de tudo, de uma solução estratégica capaz de uniformizar um espaço anteriormente confuso. O trabalho de depuração e a atenção ao detalhes, transversal a todas as fases do projeto, é absolutamente excepcional. Parece que há talento em Portugal para dar continuidade ao trabalho de excelência desenvolvido pelas gerações anteriores.

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